terça-feira, 22 de junho de 2010

Atrás de tudo que é belo existia algum tipo de dor. Existia.

Na verdade, ela nem queria ser explicada. Gostava mesmo é de ser complicada, daquele jeito esquisito, caótico e confuso dela. Jeito de gostar do triste. Jeito de louvar a dor. Tudo o que era belo era triste, ela cria nisso firmemente, que a melancolia era poética como uma noite de luar.
Suspirou. Como podia se sentir triste, como podia doer? Agora ela sorria, sorria e sorria - era bom. Era gostoso, era quente, e não aquele gelado cortante, dormente, que maltrata. Realmente, não se encaixava no seu sadismo habitual. Não - ela sorria. Mal podia controlar os lábios curvados, os dentes se apertando um contra o outro, à mostra, quase que incontrolavemente. As bochechas latejavam e a cabeça doía um pouco do seu repentino apego à insônia, e ali, apenas ali, estava o seu cômodo pedacinho de dor. Mas era uma dor que também era quente, rubra. Que estava viva e brilhava, não como a luz refletida da lua, mas como autênticos raios de um delicioso sol de outono transpassando as folhas secas.
Mesmo com tantas barreiras, tanto chão a caminhar, com tantas dificuldades... mesmo assim era fácil, era simples. Nada que não pudesse suportar. Era natural que ela tivesse vontade de cantarolar, os pés involuntariamente dançantes, quase a pular pela calçada. Não era? Estava feliz. Feliz porque ele não a permitia ser triste. Roubara seu direito à tristeza.
Ela não se importava. Que ele lhe roubasse, lhe tirasse tudo. Era mais leve.

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