terça-feira, 23 de março de 2010

If I fell

Por favor, eu não acredito, não me faça acreditar. Aprendi desde cedo que nada disso dura muito; vi centena de tetos desabando, de corações em ruínas. Vi romances caminharem enfileirados ao precipício, a chama acesa se apagar em meio a uma continuidade de garoas finas, eu vi a felicidade se transformando em dor e depois em indiferença. Eu o vivi. Me anestesiei contra esse espasmo, esse êxtase, contra essa loucura febril que consome, que sugou toda a minha fé no amor como um sanguessuga guloso.
E você quer me resgatar? Quer me trazer de volta à esse mundo de sensações difusas, intensas, de alegria, mas dor? Oh, sim, você quer me fazer amar. E eu o amo, sim, ou quase.  Preciso da minha anestesia, da minha dormência de volta o quanto antes. Antes que seja tarde demais para evitar a dor - veja, eu já quase posso sentí-la. Quase me posso ver às lágrimas num sábado a noite, alimentando platonismos e contradições. Porque se for isso que pretende trazer, se for essa melancolia, se não me prometer que vou ser feliz... Ah, por favor, não me faça confiar, não me faça acreditar de novo. Não me iluda - eu posso fazer isso muito bem sozinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário